"Afastar muitos para longe do rebanho, foi para isso que eu vim!" Nietzsche

quarta-feira, 23 de junho de 2010

18 anos após a censura...


Se calhar muitos não sabem porque é que José Saramago foi viver para Espanha, mais especificamente para Lanzarote.



Tudo começou quando o escritor publicou o “polémico” livro «Evangelho Segundo Jesus Cristo». Decorria o ano de 1992 e o PSD estava no governo. O Primeiro-ministro era esse grande democrata Aníbal Cavaco Silva e o seu secretário de Estado da Cultura era Sousa Lara, outro grande democrata.



O nome de José Saramago foi cortado da lista dos concorrentes ao Prémio Literário Europeu, por Sousa Lara com o apoio de Aníbal Cavaco Silva. Porquê? "Porque não representa Portugal", "A obra atacou princípios que têm a ver com o património religioso dos portugueses. Longe de os unir, dividiu-os." Estes dois pseudo puritanos, excluíram a obra do escritor, porque não concordavam com o que José Saramago escreveu e defenderam-se dizendo que os portugueses estavam do seu lado. As sondagens feitas na altura demonstraram categoricamente que os portugueses não concordavam com estes grandes democratas. Mas o mais curioso é alguém com responsabilidades governamentais, esquecer-se que o Estado Português é Laico…



José Saramago decide então ir para Espanha, dizendo que não pode viver num país onde não existe liberdade de expressão. Assim podemos agradecer a Sousa Lara e ao actual Presidente da República, o facto de o nosso Prémio Nobel da Literatura ter vivido cerca de 18 anos fora de Portugal devido à censura…



Passados esses 18 anos é pertinente saber que opinião tem Sousa Lara e Aníbal Cavaco Silva, depois da morte do escritor.



Sousa Lara que na altura eliminou Saramago da lista dos concorrentes ao Prémio Literário Europeu, ainda não deve saber que vivemos num Estado laico e garantiu que voltaria novamente a vetar o livro «O Evangelho Segundo Jesus Cristo», de José Saramago, a uma candidatura a um prémio literário.



Aníbal Cavaco Silva esse grande democrata, que em 1992 apoiou Sousa Lara na exclusão de José Saramago da lista ao Prémio Literário Europeu, porque o livro atacava os princípios que têm a ver com o património religioso dos portugueses. Passados 18 anos e agora como Presidente da República, no dia da morte do escritor disse, "Em nome dos Portugueses e em meu nome pessoal, presto homenagem à memória de José Saramago, cuja vasta obra literária deve ser lida e conhecida pelas gerações futuras". Vai-se lá perceber! Tenho que concordar com José Saramago quando disse que Aníbal Cavaco Silva, esse grande democrata, tinha um discurso banal e que para ele, Cavaco Silva era o génio da banalidade…

sábado, 19 de junho de 2010

És Grande...

Ontem tornaste-te eterno Camarada!