"Afastar muitos para longe do rebanho, foi para isso que eu vim!" Nietzsche

terça-feira, 30 de março de 2010

Afinal nada mudou...





SONETO

Em memória de Aurélio Cunha Bengala



Surge Janeiro frio e pardacento,

Descem da serra os lobos ao povoado;

Assentam-se os fantoches em São Bento

E o Decreto da fome é publicado.


Edita-se a novela do Orçamento;

Cresce a miséria ao povo amordaçado;

Mas os biltres do novo parlamento

Usufruem seis contos de ordenado.



E enquanto à fome o povo se estiola,

Certo santo pupilo de Loyola,

Mistura de judeu e de vilão,



Também faz o pequeno “sacrifício”

De trinta contos – só! – por seu ofício

Receber, a bem dele... e da nação.

JOSÉ RÉGIO



Soneto (quase inédito), escrito em 1969 no dia de uma reunião de antigos alunos.

Tão actual em 1969, como hoje.. depois ainda dizem que a tradição não é o que era!

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