"Afastar muitos para longe do rebanho, foi para isso que eu vim!" Nietzsche

domingo, 11 de abril de 2010

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(Texto retirado do blog Pare, escute, olhe)


“OBRIGADO POR TUDO O QUE FIZERAM POR NÓS”


Os ponteiros do relógio aproximavam-se das duas da tarde. Na Ribeirinha, aldeia central do documentário, as pessoas concentravam-se à porta do café Lucky Luke. O dia era especial, pela primeira vez iam ver o filme em que são protagonistas.


Autocarros, contratados pela Câmara de Mirandela, percorreram várias aldeias a apanhar todos aqueles que não têm mais nenhuma forma para se deslocar. Para facilitar o processo, Acácio Amaral, pegou na sua velha barca, que há muito não pousava nas águas do rio Tua, passou, dois a dois, alguns habitantes da aldeia de Barcel, localizada ao lado da Ribeirinha - a falta de uma ponte entre as aldeias faz com que para se deslocarem por estrada tenham de fazer 14 km.


Abílio, ex-ferroviário personagem central do documentário, esteve atento a todas as movimentações. Um contratempo na sua saúde impediu-o de rumar a Mirandela, ao contrário de grande parte dos habitantes.


No Centro Cultural de Mirandela, os 480 lugares não chegaram para acolher todos os interessados, muitos foram os que optaram ficar de pé para ver "Pare, Escute, Olhe". As luzes apagaram-se, do escuro da sala surgiram muitas reacções: riso, silêncio, revolta, um turbilhão de emoções.


No final da sessão, ainda a quente, as reacções custavam a sair: “Estou muito emocionado”; “Nunca imaginei que a nossa terra fosse tão bonita”; “Fiquei feliz por ver muitas pessoas a favor do comboio e contra a barragem”.

O xi coração de Jorge Laiginhas (escritor transmontano), as palavras sábias de Pedro Fernandes (jovem agricultor), o calor humano dos amigos, da família, de todos os que nos acompanharam nesta caminhada, são momentos que vão ficar para sempre na nossa memória, assim como, todas as pessoas que chegavam ao pé de nós e diziam: “Obrigado por tudo o que fizeram por nós”. É indescritível e difícil de transmitir tudo o que sentimos naquele momento, mas fica a certeza de que valeu a pena os dois anos e meio de trabalho e dedicação. Um agradecimento especial à Câmara de Mirandela, ao Pedro, à Graça e António pelo apoio.

Depois da azáfama da apresentação, no Domingo, passámos o dia na Ribeirinha. Organizámos uma sessão no Lucky Luke para os que não puderam estar presentes em Mirandela, inclusive o Ti Abílio. Resumindo: um momento delicioso a juntar a muitos outros.


Como não podia deixar de ser, a conversa terminou à mesa ao sabor de umas belas alheiras, queijos e enchidos. Regressámos, também como é habitual, com a mala do carro a abarrotar de batatas, cebolas, legumes, alheiras, mimos que há muito nos habituaram. Em Trás-os-Montes sentimo-nos em casa.


OBRIGADO POR TUDO O QUE FIZERAM POR NÓS


Jorge Pelicano e Rosa Silva

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