Nas televisões, rádios, jornais e revistas. Políticos, Administradores, Economistas, Jornalistas… todos falam nos “gastos” com a Saúde.
Quando se fala em despender dinheiro do PIB, muda-se de nomenclatura, conforme o ministério em que se vais despender esse dinheiro.
Se for para o Ministério das Finanças, diz-se “investir”. Mas se for para o Ministério da Saúde, ou simplesmente, para a Saúde, fala-se em “gastar”!
Será que a Saúde é um buraco negro, onde todo o dinheiro que lhe é destinado, se pode resumir à palavra “gastar”? Não é mais correcto, dizer “investir”?
Será que os Profissionais de Saúde, Enfermeiros, Médicos, Farmacêuticos, Psicólogos, Técnicos de análises, Técnicos de radiologia, Técnicos de cardiopneumologia, Fisioterapeutas, Nutricionistas, Auxiliares de Acção Médica (agora designados de Assistentes Operacionais), Administrativos… são meramente, uns glutões de euros?
Será que a Saúde, se resume a “gastar” dinheiro? Será que não gera lucro? Não cria produtividade? Não produz riqueza?
Quando se “investe” na Saúde, está-se a “investir” em Saúde. Ou melhor, está-se a “investir”, em ganhos em Saúde!
Quantos estudos se fizeram para saber, qual seria a melhor localização para o novo aeroporto de Lisboa? Alguns.
Quantos estudos se realizaram para saber, o dinheiro “investido” na Saúde, versus, ganhos em Saúde?
O dinheiro “gasto” na Saúde, como muitos dizem. Traduz-se em ganhos em Saúde e consequente riqueza. Como o aumento da esperança média de vida, diminuição de nados mortos, redução da mortalidade infantil, redução do absentismo no trabalho e dos alunos nas escolas, redução da mortalidade e da morbilidade, na melhoria dos DALY’S (disability adjusted life years, anos de vida ajustados à incapacidade, uma metodologia preconizada pela Organização Mundial de Saúde e pelo Banco Mundial).
Se isto se chama “gastar”, eu continuo a denominar “investir”. Pois só com Saúde é que se consegue produzir. E como é que se consegue? Começa-se por prevenir a doença, cuidar dos utentes, tratar os utentes, reabilitar os cidadãos, promover a autonomia e aumentando a literacia em Saúde, com o objectivo de que cada cidadão, possa por si próprio, optar de uma forma informada e consciente, pelos estilos de vida mais saudáveis.
Basta de nomenclaturas incorrectas, tendenciosas e manipuladoras.
Nós, os Profissionais de Saúde, fazemos mais do que “gastar” dinheiro. Nós todos os dias salvamos vidas, todos os dias ajudamos a criar riqueza.
Pois a maior riqueza que um país pode ter, é a sua Saúde. Seja ela física, mental, ambiental, social…
Criem-se melhores condições de trabalho e os resultados, vão-se traduzir em riqueza. “Invista-se” na formação de todos e não na formação de alguns.
Infelizmente, também na Saúde existe negligência, existe laxismo, existem maus profissionais, existem lobbies. Mas então que sejam apontados, julgados e punidos.
Basta de cortes infundados de recursos e meios. Racionalização, sim! Mas fundamentados em estudos científicos acreditados. E não fundamentados em decisões políticas, abstracções e em delírios irracionais.
É um orgulho trabalhar, não no, mas para o SNS. Que é de todos, para todos!
Pois um país doente é um país pobre! Está dito.
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